quinta-feira, 17 de maio de 2012

3 - OS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO PARA A EUROPA DO CONHECIMENTO

3.1 -  APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA 
"A aprendizagem ao longo da vida tornou-se uma necessidade de todos os cidadãos. Precisamos de desenvolver as nossas aptidões e competências ao longo das nossas vidas, não apenas para a nossa realização pessoal e a nossa capacidade de participar activamente na sociedade em que vivemos, mas também para sermos capazes de ter êxito num mundo laboral em constante mudança."  Ján Figel (Quadro de Referência Europeu).
A formação ao longo da vida permite  aos  jovens e adultos dotarem-se de capacidade de continuar a aprender de diferentes maneiras durante toda a vida e adaptarem-se a situações de mudança de modo rápido e eficaz. É uma forma de valorização e de reforço da auto estima para que todos se sintam integrados na sociedade e atuam como cidadãos ativos, responsáveis, empreendedores, intervenientes e capazes de mobilizar os seus saberes para a construção do seu devir no mundo laboral em constante mudança.  Clímaco (2005: p.10) considera  a educação e a formação como fator crucial para o futuro da Europa na era do conhecimento, enquanto fator de crescimento económico, de inovação, empregabilidade sustentável e coesão social”.

3.2 -      COMPETÊNCIAS
Deste modo, o quadro de referência definido pelo Conselho e o Parlamento Europeu no final de 2006 estabelece oito competências essenciais para a aprendizagem ao longo da vida, competências cruciais para todos os cidadãos que necessitam para a  sua realização pessoal, a inclusão social, desenvolvimento e emprego na sociedade no conhecimento: 
·Comunicação na língua materna; 
·Comunicação em línguas estrangeiras;
·Competência matemática e competências básicas em ciências e tecnologia;
·Competência digital;
·Aprender a aprender;  
·Competências sociais e cívicas;
·Espírito de iniciativa e espírito empresarial;
·Sensibilidade e expressão culturais.  

Todo este  equipamento intelectual  poderá ser adquirido nesta sociedade de informação e conhecimento através das TIC e do mundo digital. Mas, seria bom que todas as pessoas tivessem acesso ao conhecimento de igual modo. Mas muitos não têm acesso porque não têm equipamento e/ou não possuem literacia digital. Daí que a muitos são “abandonados e marginalizados pela globalização e pela revolução digital” (Quadro de referência Europeu). É importante que os conhecimentos, as competências e as aptidões necessários evoluam em conformidade, só deste modo podemos falar em desenvolvimento sustentável.

3.3 -      OBJETIVOS
Através da Estratégia de Lisboa é apresentado um conjunto de objetivos que requerem um programa de trabalho  pormenorizado, para a  sua concretização  e com o objetivo de “atingir a máxima qualidade na educação e formação e assegurar que a Europa seja reconhecida, à escala mundial, com a referência, pela qualidade e relevância dos seus sistemas e instituições de educação e formação” Clímaco (2005: p.11). Estes objetivos  são considerados as linhas estratégicas que a UE pretende desenvolver com vista ao desenvolvimeno interno e à abertura ao mundo.  Só deste modo, a UE pretende afirmar-se como um espaço global de intercâmbios e de cooperação, no qual os seus cidadãos desenvolvem as suas competências, contribuindo para o desenvolvimento e modernização da sociedade, não apenas numa perspetiva regional, mas GLOBAL, cuja mudança deve ser o catalisador desta europa intelectual.
Objetivos estratégicos, subdivididos em treze objetivos conexos:
1) aumentar a qualidade e a eficácia dos sistemas de educação e formação na EU;
2) facilitar o acesso de todos a sistemas de educação e de formação;
3) abrir ao mundo exterior os sistemas de educação e de formação.
Objetivo estratégico n.º 1: MELHORAR A QUALIDADE E A EFICÁCIA DOS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO E DE FORMAÇÃO NA UE
          1.1. Melhorar a educação e a formação dos professores e dos formadores;
          1.2. Desenvolver as competências necessárias à sociedade do conhecimento;
          1.3. Assegurar que todos possam ter acesso às tecnologias da informação e da comunicação (TIC);
          1.4. Aumentar o número de pessoas que fazem cursos prosseguem estudos técnicos e científicos;
          1.5. Otimizar a utilização dos recursos.
Objetivo estratégico n.º 2: FACILITAR O ACESSO DE TODOS AOS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO E DE FORMAÇÃO
          2.1. Ambiente aberto de aprendizagem;
          2.2. Tornar a aprendizagem mais atrativa;
          2.3. Apoiar a cidadania ativa, a igualdade de oportunidades e a coesão social.
Objetivo estratégico n.º 3: ABRIR AO MUNDO EXTERIOR OS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO E DE FORMAÇÃO
          3.1. Reforçar as ligações com o mundo do trabalho, a investigação e a sociedade em geral;
          3.2. Desenvolver o espírito empresarial;
          3.3. Melhorar a aprendizagem de línguas estrangeiras;
          3.4. Incrementar a mobilidade e os intercâmbios;
          3.5. Reforçar a cooperação europeia.

3.4 -      REFLEXÃO
As reformas que têm vindo a ser implementadas no sistema educativo português, enquadram-se nestes objetivos: grande investimento em termos tecnológicos (equipamento informático), grande aposta dos professores na área da TIC, projetos que têm promovido a educação de adultos,  projetos na área da formação de professores, parcerias com o mundo empresarial, etc... Reformas que permitirão aos cidadãos dotarem-se de competências para a aprendizagem ao longo da vida. Mas, será  que há visibilidade, retorno positivo ao nível de competências essenciais adquiridas nesta sociedade de conhecimento?
Através do programa PISA (2009)  entre outras ferramentas de medida das competências revelem que: “Pela primeira vez, os alunos portugueses atingem pontuações que se situam na média da OCDE, em literacia de leitura, domínio principal no estudo de 2009. Portugal situa-se na 21.ª posição, num conjunto de 33 países da OCDE que participaram no estudo, em 2009. Em 2000, estava na 25.ª posição, num conjunto de 27 países da OCDE. No Estudo do PISA 2009, estamos incluídos no grupo de países que atingiram a média da OCDE. Deste conjunto fazem parte: Portugal, Reino Unido, Dinamarca, Suécia, Alemanha, França, Irlanda e Hungria.” Ou seja,  o investimento na educação nos últimos anos  tem revelado resultados positivos ao nível das competencias essenciais, uma vez que houve melhoria, logo é importante estabelecer um ambiente institucional que continue a beneficiar o investimento dos indivíduos na educação. As políticas que reduzam a concretização integral dos benefícios resultantes dos reduzidos investimentos educativos resultarão em níveis baixos de escolaridade e/ou competências.
A necessidade de promover e premiar o investimento em educação deve envolver um conjunto de políticas integradas, que não se restringem à política de educação, mas que incluem, entre outros, as políticas do mercado de trabalho, imigração e fiscal.

Será que o nosso sistema educativo atual vai inverter o percurso do desenvolvimento? Será que os cortes cegos na Educação irão permitir continuar a atingir os objetivos pretendidos? Ou será apenas uma questão de gestão financeira e de recursos? “Políticas que aumentem o custo da educação através dos impostos, podem levar a maiores receitas fiscais no curto prazo, mas fá-lo-ão com o custo, a médio e longo prazo, de níveis mais baixos de educação e, consequentemente, de um menor crescimento económico. Nesse sentido, a educação não é diferente de outros investimentos económicos, excepto que é o mais importante”. (PISA, 2009)
Tornar o nível geral de competências dos cidadãos mais elevado contribui para melhorar todos os indicadores, sendo para isso determinante que tanto os decisores políticos, os profissionais da educação/formação e os aprendentes, convirjam a fim de tornar a aprendizagem ao longo da vida uma realidade para todos, como reforça a comissão Europeia pela voz de Ján Figel.

Bibliografia:
Alves, N., Centeno, M., Novo, A., (Primavera 2010) – “O INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO EM PORTUGAL: RETORNOS E HETEROGENEIDADE” – Boletim Económico, Banco de Portugal.
Clímaco, M. (2005). Avaliação de sistemas em Educação. Lisboa. Universidade Aberta.
DG Educação e cultura (2007). Competências Essenciais para a Aprendizagem ao longo da vida. Quadro de Referência Europeu. Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias.
Ramos, C. - Estratégia de Lisboa – Programa de trabalho “Educação e Formação 2010”  
Webgrafia: